quinta-feira, 19 de agosto de 2010

De gota em gota, pinga.

Eis que, de gota-em-gota, pinga, há anos, um amor.
Há anos ele me pinga. Há anos me emaranha e me mareia.
Pinga no mar, meio turvo.
De tanto que há tanto que pinga, aos poucos, os monstros do mar se desfazem.
Nessa linha do horizonte, onde o barco costumava despencar, me vejo percebendo a curva.
Aprendi a decorar os monstros marinhos. Monstrus marinus.
E aos poucos a deixar a maré me embalar.
Sem marear. Só mar. Só ar.

Dos amores que vieram em correntezas fortes, pouco pesquei.
Eu tenho esse amor que me pinga.
E vem brotando do meu mar a cada instante.
Quem sabe os Monstrus marinus, muito em breve, liberem de vez esse amor que vem em ondas.

Quem sabe de tanto viver na água-mar, esse amor aprenda a evaporar.
E depois a chover.
Quem sabe ele me pingue um delicioso rio de água doce.
Em uma chuva bem fininha, livre de sal.

"O amor chove, não chove?"


5 comentários:

  1. Lindo escrito!
    E ele vem num embalo bem gostoso. Suave. Bom de ler =)
    Abraço!

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  2. Esse amor que pinga é nosso! Pelo menos o meu tem sido o tal "de mim por mim mesma".
    E voltamos àquela questão toda de independência, "pertencer", que amor nos faz pertencer?

    Hoje só sei que voltei do samba, onde há muita verdade, muita tristeza-feliz, muita felicidade-triste, e muito amor! Desse que pinga gostoso!

    Uma delícia, Marina! Fico sempre aguardando seu próximo texto!

    Beijos!

    PS: o terceiro parágrafo da Clarice que postou no meu blog é algo que tem sido quase um mantra para mim! =)

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