Quanto maior é o calor, maior o grau de agitação das moléculas.
Maior a tendência de que elas se distanciem umas das outras.
Se percam umas das outras. Na forma de vapor.
Quanto maior o calor, maior a distância?
Ah...então...foi isso?!
Para garantir, postei nos classificados. Do dia 18/09, no Correio.
Porque eu não sei separar o entre da coisa. Porque é no entre que a coisa é.
domingo, 26 de setembro de 2010
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Silêncio.
É que às vezes não queremos dizer nada além do que se diz em silêncio.
É que às vezes o que se diz em silêncio desconforta o Outro.
É que o silêncio conversa com nossos desejos e medos mais profundos.
É que a gente teme pelo que o silêncio pode dizer sobre o que a gente tenta guardar a sete chaves.
No silêncio desvela-se um mundo de não-palavras barulhentas, de não-barulhos palavrosos.
As palavras, que tanto mascaram, libertam a intimidade recatada, no silêncio.
Quem tem medo do silêncio?
Eu
sábado, 11 de setembro de 2010
O soma é o todo de suas partes?
Foto que eu roubei do orkut do Tchelo
Quando as lagartas amadurecem, nascem as borboletas.
Já é sabido de todo mundo isso.
Mas quando as borboletas nascem, morrem as lagartas?
Borboletas são lagartas, eu acho. Mas o contrário não.
Quando o processo está no meio, tem-se a lagartoleta.
E o que separa uma da outra é o que está entre.
Eu adoro o que está entre.
E tenho um pouco de agonia do que está antes e depois. No início e no fim.
Contudo, não sei separar o entre da coisa, do antes, do depois, do início e do fim.
E se não existe o entre?
Então lagartoleta não é entre, é o ente.
Todas as possíveis filosofias para uma metamorfose me encantam.
Todas as metamorfoses me encantam.
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
De ônibus.
Eu adoro viajar de ônibus.
Eu gosto do tempo que circula a viagem.
Na minha obsessão por listas, que já foi até mencionada, eu listo em papel e caneta.
E tenho assim a lista dos 10 principais motivos pelos quais as pessoas poderiam gostar das viagens em ônibus. A recomendação é de que se viaje sozinha, à noite e por no mínimo 10 horas. Vale a pena!
1) Se você vai sozinha, tem aquela ansiedade inicial: quem vai ao meu lado? Alguém que ronca? Respira alto? Que fala muito? Que nunca fala nada? Que não desce na hora que o ônibus para e te faz ter que dar um meio pulo desajeitado no meio da madrugada?
2) A saída lenta, o abandono devagar que deixa as pessoas, aos poucos, para trás. Acenando. Algumas choram.
3) Cada curva é sentida pelo corpo e embala um monte de pensamento. As alterações de velocidade são capturadas pelos sentidos e guiam a mente da gente. As curvas na estrada, à noite, embalam memórias e embolam sentimentos.
4) As mudanças de paisagens inspiram, ressecam o olhar, esfriam a cabeça, acolhem o coração. O Brasil é grande demais e diferente demais. Tem gente que mora na beira da estrada. Tem queijo e banana. Tem barraco. Tem araucária, soja, eucalipto, cerrado. Tem Biologia um monte.
5) Os barulhos sem dono no meio da noite são uma sinfonia disforme; tosses, espirros, sussurros, roncos. Às vezes, o celular que encontrou o sinal perdido na estrada. Às vezes gases intestinais e odores. E odores no banheiro. E toda essa diversidade de sons e odores trazem uma enorme lembrança do que estava um pouco esquecido: somos bicho gente, com barulhos e fedores.
6) As paradas pra esticar a perna. Para alguns um cigarro, quase desesperado. Para outros uma coca-cola, um café, um queijo quente. Eu gosto mesmo é do café doce e ruim. Pra lembrar que é da estrada, que é da viagem, da passagem, do indo. Comida com gosto de indo, com gosto de perna esticada. Momento de desviar o olhar para o que desvia na via, da via.
7) Uma pausa no tamanho do outros. E por algumas horas, quem sabe muitas, só você e você.
9) O tempo que corre diferente, mais lento, menos angústia, menos ansiedade. Dá tempo de tudo no mundo do pensamento. O pensamento tem tempo pra tudo. E a vida inteira se repagina, se replaneja, se repensa. E muitas decisões acontecem e desacontecem.
9) A sensação de ir. Simples e dada. Ela por ela mesma, sem necessidade de explicação. Ainda que, na maioria das vezes, haja a certeza do voltar.
10) Na mochila o que parece necessário para 17 horas: música, livro, banana passa, maçã fuji, lápis e papel. E o encantamento de precisar de tão pouco para acontecer tanto.
Eu gosto do tempo que circula a viagem.
Na minha obsessão por listas, que já foi até mencionada, eu listo em papel e caneta.
E tenho assim a lista dos 10 principais motivos pelos quais as pessoas poderiam gostar das viagens em ônibus. A recomendação é de que se viaje sozinha, à noite e por no mínimo 10 horas. Vale a pena!
1) Se você vai sozinha, tem aquela ansiedade inicial: quem vai ao meu lado? Alguém que ronca? Respira alto? Que fala muito? Que nunca fala nada? Que não desce na hora que o ônibus para e te faz ter que dar um meio pulo desajeitado no meio da madrugada?
2) A saída lenta, o abandono devagar que deixa as pessoas, aos poucos, para trás. Acenando. Algumas choram.
3) Cada curva é sentida pelo corpo e embala um monte de pensamento. As alterações de velocidade são capturadas pelos sentidos e guiam a mente da gente. As curvas na estrada, à noite, embalam memórias e embolam sentimentos.
4) As mudanças de paisagens inspiram, ressecam o olhar, esfriam a cabeça, acolhem o coração. O Brasil é grande demais e diferente demais. Tem gente que mora na beira da estrada. Tem queijo e banana. Tem barraco. Tem araucária, soja, eucalipto, cerrado. Tem Biologia um monte.
5) Os barulhos sem dono no meio da noite são uma sinfonia disforme; tosses, espirros, sussurros, roncos. Às vezes, o celular que encontrou o sinal perdido na estrada. Às vezes gases intestinais e odores. E odores no banheiro. E toda essa diversidade de sons e odores trazem uma enorme lembrança do que estava um pouco esquecido: somos bicho gente, com barulhos e fedores.
6) As paradas pra esticar a perna. Para alguns um cigarro, quase desesperado. Para outros uma coca-cola, um café, um queijo quente. Eu gosto mesmo é do café doce e ruim. Pra lembrar que é da estrada, que é da viagem, da passagem, do indo. Comida com gosto de indo, com gosto de perna esticada. Momento de desviar o olhar para o que desvia na via, da via.
7) Uma pausa no tamanho do outros. E por algumas horas, quem sabe muitas, só você e você.
9) O tempo que corre diferente, mais lento, menos angústia, menos ansiedade. Dá tempo de tudo no mundo do pensamento. O pensamento tem tempo pra tudo. E a vida inteira se repagina, se replaneja, se repensa. E muitas decisões acontecem e desacontecem.
9) A sensação de ir. Simples e dada. Ela por ela mesma, sem necessidade de explicação. Ainda que, na maioria das vezes, haja a certeza do voltar.
10) Na mochila o que parece necessário para 17 horas: música, livro, banana passa, maçã fuji, lápis e papel. E o encantamento de precisar de tão pouco para acontecer tanto.
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