quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Solúvel.

Não gosto quando o lençol abandona o colchão.
Odeio dormir no áspero.
A hora de dormir sempre deveria ser macia.

Quando deito em você,
se eterniza o lençol.
Me cubro de você.
Te cubro em mim.

Eu queria morar em você.

Quando te faço de cama e lençol,
me misturo em você e
me espalho de mim.
Nesse movimento, lento,
dissolvo.

Dissolução.

Diz: solução?

Gosto quando eu dissolvo em você.
Quando solucionamos.

E gosto que você me fale sobre o mar
que te dissolve à noite na cama.

Gosto que você seja meu solvente,
quando você me cobre
[como se fosse o maior lençol do mundo].

Gosto quando a gente mistura.
Dilui.
Em solução.

Gosto das soluções saturadas.
Que precipitam.
Que sobram.
Que exageram.

Gosto das precipitações e dos exageros.
Das soluções saturadas.

Soluções saturadas e precipitadas.
Aquelas que, ao final,
se dividem novamente.
Se separam.
Em novas fases.

E soluçam.