quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Solúvel.

Não gosto quando o lençol abandona o colchão.
Odeio dormir no áspero.
A hora de dormir sempre deveria ser macia.

Quando deito em você,
se eterniza o lençol.
Me cubro de você.
Te cubro em mim.

Eu queria morar em você.

Quando te faço de cama e lençol,
me misturo em você e
me espalho de mim.
Nesse movimento, lento,
dissolvo.

Dissolução.

Diz: solução?

Gosto quando eu dissolvo em você.
Quando solucionamos.

E gosto que você me fale sobre o mar
que te dissolve à noite na cama.

Gosto que você seja meu solvente,
quando você me cobre
[como se fosse o maior lençol do mundo].

Gosto quando a gente mistura.
Dilui.
Em solução.

Gosto das soluções saturadas.
Que precipitam.
Que sobram.
Que exageram.

Gosto das precipitações e dos exageros.
Das soluções saturadas.

Soluções saturadas e precipitadas.
Aquelas que, ao final,
se dividem novamente.
Se separam.
Em novas fases.

E soluçam.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Uma novidade.

Agora eu ganhei um espacinho no blog http://bardoescritor.blogspot.com/.

Fiquei feliz.

Todo dia 28 vou poder lagartoletar por lá!

Hoje já fiz isso.

Vai lá ver?


segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Sobre o tempo III

Não faz muito que descobri os campos de espaço-tempo curvos.

Em silêncio, reconheço: na verdade, ainda não os descobri.

Que tempo é esse, que me esconde o espaço em que você est(á)(ava)(eve)?
Que dimensão do espaço-tempo escondeu você?
Em que tempo da minha dimensão você se camuflou?
Na dimensão em que você esteve em mim, como me dimensiono no tempo teu?

Quando tempo-espaço seguem juntos, em que lugar-momento está você?
Quantos milésimos de espaço-tempo dura o seu lugar?
Quantos lugares, ao mesmo tempo, você pode ocupar em mim?
De quantos você, em um único tempo, eu posso me ocupar?
Quantos de você tenho em mim?
Que tamanho tenho em você quando me vejo em ti?

Me disseram que o espaço se curva com o tempo. Que isso dilata o tempo.
Que é a relatividade.
E deve ser mesmo relativo.

Por que o tempo nosso não dilatou?
Pareceu tão curto.
Seu espaço, algum dia, vai se curvar sobre o meu tempo?
Tenho medo que a curva do seu espaço sobre o meu tempo me tire do lugar.
O espaço do meu lugar não se curva no infinito com o seu tempo.
O seu tempo curvou o meu espaço no infinito.
O seu infinito tomou espaço demais no tempo meu.
Meu infinito já não cabe mais no seu.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Ponto de fuga.

Foi em julho desse ano, em São Paulo.

Me disseram para olhar para o Oceano.
Quero dizer, me disseram para imaginar o oceano.

"Qualquer que seja a altura em que se observa, o horizonte estará na linha dos olhos"

É a linha do horizonte.

Se quiser perspectiva, aí você deve utilizar os pontos de fuga. 1, 2, 3 ou muitos pontos de fuga!

Muitos pontos de fuga?
Nunca pensei ouvir isso. Nunca pudera imaginar o quão fácil seria encontrar um ponto de fuga, quiçá múltiplos!
Não sei como eu não imaginara antes. Que óbvio.

É lógico que é no oceano que estão todos os pontos de fuga.
Não é preciso ser nenhuma encantadora de baleias para descobrir isso.

Basta olhar lá, na linha do horizonte.
É lá que estão os nossos pontos de fuga.

Desde então eu tenho procurado por eles, mas sempre me parecem muito longe.

Como faz pra chegar a linha do horizonte mais pra perto?
Como alcança ela?
Será que dá pra burlar a lei do espaço, ou então encontrar esse tal espaço curvo, e alcançar a linha?
Se der, fica um pouco mais fácil.

Uma vez alcançada a linha é só se equilibrar um pouquinho para caminhar até o ponto de fuga mais próximo.
E pronto.

Foi quando ele perguntou: "Onde está o ponto de fuga, turma?"

E eu respondi: no mar.

A turma riu.

Na hora do storyline, ele não hesitou: Marina se perde na linha do horizonte e não acha o ponto de fuga.


Passado o trauma, meses depois, resolvi devolver, a quem quer que seja o dono, as tais. 

sábado, 27 de novembro de 2010

Novo layout





Para quem vê cara e coração, um layout novo!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Sobre o tempo II

Quando o tempo lá fora conversou com
o meu tempo aqui dentro
choveu.

Uma chuva fina.

Quando o tempo aqui dentro já estava chovendo
e o tempo lá fora se afinava comigo,
ventou.

Um vento frio.

Ventou aqui dentro na chuva lá fora, fria
e choveu aqui fora uma chuva de dentro
em ventania.

Nessa transfusão de tempo,
de dentro pra fora,
de fora pra dentro.

Ele me perguntou:

no meio do vento, ao tempo, você chove ou chora?

No meio do tempo, ao vento, eu apenas molho.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Quebra de dormência

Do desenrolar do que está guardado, surge um pequeno brotinho.
Para alguns, potência.

No brotar verifica-se a atualidade do que estava guardado.
Confere-se. Confronta-se.

E é bonito pensar que guardado, junto ao que seria futuro-broto, está tudo que o broto precisa e é. - o próprio broto, em forma anterior.
Na mudança. No antes, o meio.
E o broto, o depois.

Desvela-se do interior do abrigo o que estava em reserva. O que nutria.

Germina.

Quando em dormência, porém, há a espera. A latência.

Escarificar?  Calor? Frio? Fogo?
O que quebrará a dormência, dessa vez?

É que, sabe-se-lá-porquê, ela está a dormir.
Guardada no que a transformará no que virá-a-ser.
Imersa em um mar de memórias, que nutrem o seu por-vir.

Virá?




Dormência: período de vida no qual o metabolismo de um organismo é temporariamente suspenso. Muitas sementes entram em períodos de dormência. Algumas só germinam no frio. Outras no calor. Outras quando passam pelo trato digestório de algum animal. Outras quando em contato com o fogo. Para acelerar a quebra de dormência de algumas plantas cultiváveis, podemos escarificar as sementes.


E para quem não leu, eu gosto deste texto: http://lagartoleta.blogspot.com/2009/11/anemocoria.html

domingo, 26 de setembro de 2010

Sobre o calor.

Quanto maior é o calor, maior o grau de agitação das moléculas. 
Maior a tendência de que elas se distanciem umas das outras.
Se percam umas das outras. Na forma de vapor.
Quanto maior o calor, maior a distância?

Ah...então...foi isso?!

Para garantir, postei nos classificados. Do dia 18/09, no Correio.







quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Silêncio.


É que às vezes não queremos dizer nada além do que se diz em silêncio.
É que às vezes o que se diz em silêncio desconforta o Outro.
É que o silêncio conversa com nossos desejos e medos mais profundos.
É que a gente teme pelo que o silêncio pode dizer sobre o que a gente tenta  guardar a sete chaves.
No silêncio desvela-se um mundo de não-palavras barulhentas, de não-barulhos palavrosos.
As palavras, que tanto mascaram, libertam a intimidade recatada, no silêncio.

Quem tem medo do silêncio?


Eu

sábado, 11 de setembro de 2010

O soma é o todo de suas partes?

Foto que eu roubei do orkut do Tchelo


Quando as lagartas amadurecem, nascem as borboletas.
Já é sabido de todo mundo isso.
Mas quando as borboletas nascem, morrem as lagartas?
Borboletas são lagartas, eu acho. Mas o contrário não.
Quando o processo está no meio, tem-se a lagartoleta.
E o  que separa uma da outra é o que está entre.
Eu adoro o que está entre. 
E tenho um pouco de agonia do que está antes e depois. No início e no fim.
Contudo, não sei separar o entre da coisa, do antes, do depois, do início e do fim.

E se não existe o entre?

Então lagartoleta não é entre, é o ente. 

Todas as possíveis filosofias para uma metamorfose me encantam.
Todas as metamorfoses me encantam.