Depois de tanto tempo distante, hoje, mais uma vez, eu fui observada pelo chorante.
E dessa vez, além dos três, da sua bateria, dos seus dois berimbaus, e do tamborzinho de plástico, da guitarra, do violão, do baixo, das flautas de bambu, de madeira, da de cobre e das de plástico, e além daqueles montes de cabos espalhados pelos sofás, tinha um que era novo: o trompete. Agora você também tem um trompete.
Fui observada pelo seu trompete novo que emitiu um som ainda tímido, me dizendo que eu o deixava nervoso.
E eu deitei no carpete, como fazia quando criança na casa de uns amigos que eu tinha.E abracei uma almofada.
Você logo deitou ao meu lado, claro.Tinha hoje o olhar sereno, mas ainda levemente vago.
E passeei com as mãos pelos seus cabelos, lisinhos e fininhos, enquanto observava novamente o leão, o trem das onze e as bailarinas na parede.
Hoje o mendigo punk não estava lá. Nem a pintura que você fez da sua ex-namorada. O elefante...é, esse você me deu, então também não estava lá. E no sofá, seu skate velho. E dessa vez o novo, que eu não conhecia. Acho que esse é o mais bonito que você teve. Sorri sozinha admirando a familiaridade que tudo aquilo tinha pra mim, e pedi:
"me conta de novo sobre o seu anel?"
Mas eu já havia pedido isso várias vezes hoje, e então você disse: "não, já chega".
E na mesma hora eu entendi.
Essa longa viagem, do Sol à Terra, não tem sido fácil, não é mesmo?
Já temos algum tempo nessa nossa vida meio doida, com várias viagens que nos afastam e aproximam do planeta, dos planetas, das pessoas e um do outro.
E há vários anos esperamos, sem sucesso, voltarmos de nossas viagens.
Nunca voltaremos. Mas estaremos sempre aí. Cada um na sua rota.
E estaremos sempre sozinhos, porém muito bem acompanhados.
Bom retorno, meu amigo!
que lindo, quem é?
ResponderExcluirque lindo, quem é?
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