Após a leitura do bilhete não remetido, as crianças recordavam momentos ilustres de Ada na escola.
A aula de natação era sempre motivo de risada. Aguardavam ansiosas pelo momento em que Ada se recusaria a entrar n`água.
Ada justificava-se dizendo que, tendo seu Sol regido por Netuno, era como se já tivesse vindo da água. Agora queria aprender novas coisas. Agora, nas práticas escolares de Educação Física, queria aprender avoação.
A professora sempre dizia, enfática: "Nada, Ada! Nada há de mal, nem de mau, em nadar. Em nadar não há nada, há tudo. E você, com esse nome, nem precisa de nadadeiras! Só precisa de um N".
Ada se impacientava com Ns, com nadas, com nados. E já havia decidido desde os primeiros dias na escola, quando frequentemente era chamada de avoada, que não nadaria.
"O que mais uma pessoa avoada pode querer, senão aprender a voar???"
E todas as vezes que precisava se justificar, Ada repetia que seu Sol tinha formato de peixe. E que havia lido por aí que todas as piscianas são assim, avoadas. Queria, então, fazer jus ao que sempre teve que ouvir da própria professora. E estava pronta para voar.
As crianças se lembravam de tudo isso e se sentiam, em parte, responsáveis pela partida de Ada. Recordavam, em tom de remorso, as vezes em que, intolerantemente, diziam em coro: "Então avoa, Ada, para longe daqui!"
Hum...
ResponderExcluirGostei muito dos textos. De verdade.
Pedro Antônio