Eis que, de gota-em-gota, pinga, há anos, um amor.
Há anos ele me pinga. Há anos me emaranha e me mareia.
Pinga no mar, meio turvo.
De tanto que há tanto que pinga, aos poucos, os monstros do mar se desfazem.
Nessa linha do horizonte, onde o barco costumava despencar, me vejo percebendo a curva.
Aprendi a decorar os monstros marinhos. Monstrus marinus.
E aos poucos a deixar a maré me embalar.
Sem marear. Só mar. Só ar.
Dos amores que vieram em correntezas fortes, pouco pesquei.
Eu tenho esse amor que me pinga.
E vem brotando do meu mar a cada instante.
Quem sabe os Monstrus marinus, muito em breve, liberem de vez esse amor que vem em ondas.
Quem sabe de tanto viver na água-mar, esse amor aprenda a evaporar.
E depois a chover.
Quem sabe ele me pingue um delicioso rio de água doce.
Em uma chuva bem fininha, livre de sal.
Espero que chova...
ResponderExcluirLindo escrito!
ResponderExcluirE ele vem num embalo bem gostoso. Suave. Bom de ler =)
Abraço!
Esse amor que pinga é nosso! Pelo menos o meu tem sido o tal "de mim por mim mesma".
ResponderExcluirE voltamos àquela questão toda de independência, "pertencer", que amor nos faz pertencer?
Hoje só sei que voltei do samba, onde há muita verdade, muita tristeza-feliz, muita felicidade-triste, e muito amor! Desse que pinga gostoso!
Uma delícia, Marina! Fico sempre aguardando seu próximo texto!
Beijos!
PS: o terceiro parágrafo da Clarice que postou no meu blog é algo que tem sido quase um mantra para mim! =)
que lindo...
ResponderExcluirsó não se esqueça do sal
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